Por: Judite Filgueiras Rodrigues
A trajetória da avaliação mostra uma concepção de que o processo avaliativo pode ser flexível e determinado por dimensões pedagógicas, históricas, sociais, econômicas e políticas, relacionadas ao contexto em que se insere, envolvendo todos os elementos considerados importantes para expressão de um sistema educacional de qualidade.
Enquanto educadores estamos inseridos na área da avaliação conhecida como avaliação da aprendizagem ou do rendimento escolar, ou ainda, avaliação do aluno, onde seguidamente somos solicitados a nos pronunciarmos sobre este tema.
Sempre que iniciamos uma reflexão para responder a algumas questões que são, sem dúvida, de relevância para todos os educadores nos questionamos:
Porque a avaliação ocupa tanto espaço nas reuniões pedagógicas?
Se a escola como instituição social cumpre sua Missão na apropriação e na construção do aprender a aprender porque existe tanta repetência?
Encontrar as respostas para essas questões é importante para compreender os desdobramentos, os usos e significados atuais do processo avaliativo, buscando perspectivas que não visem apenas à verificação do rendimento escolar no âmbito da escola, mas em um nível maior com vistas à superação do fracasso escolar.
Reconhecer a historicidade dos educando e dos educadores é comprometer-se em resgatá-la, como referência para elaboração do trabalho pedagógico e consequentemente do processo de avaliação.
Estas emergentes abordagens exigem uma prática educativa que considere as diferenças individuais dos educandos que desenvolvem formas e ritmos diferentes de aprendizagens.
À luz destas abordagens podemos discutir três aspectos que, professores, coordenadores e diretores precisam trabalhar juntos, para atender à proposta político-filosófica-pedagógica:
O que avaliar? Este é um aspecto, em geral, bastante controvertido entre os professores[1]: "Eu avalio tudo: conhecimento, participação, esforço, comportamento, relacionamento," dizem alguns. "Eu avalio o crescimento do aluno," dizem outros.
Tal procedimento pode trazer problemas para o processo. Se o objetivo da escola é o ensino-aprendizagem é a partir dela que se deve pensar na totalidade das outras ações. Acreditamos ser este o caminho: avaliar o processo de construção do conhecimento do educando e, a partir daí, avaliar as outras dimensões do contexto.
Como avaliar?
O "como" avaliar está ligado ao PPP - Projeto Político-Pedagógico da escola, aos Planos de Estudo, e à Metodologia do professor.
Para que avaliar? Poderíamos dizer que avaliamos para tomar decisões? Mas, que decisões são estas?
A atividade escolar desenvolve-se num clima de avaliação: O diretor avalia o professor e é avaliado por ele. O professor avalia o aluno e é avaliado por ele. Os pais avaliam a escola, e os funcionários, por sua vez, são avaliados por todos. Neste emaranhado a avaliação está se tornando o centro. Tudo gira em torno dela. “Vale Nota Professor”? é a palavra – chave do aluno quando o professor oferece qualquer atividade.
É em nome dela que aluno vai ou não vai para a Escola, faz ou não faz a lição, comporta-se de uma ou de outra maneira.
Os pais também caminham em função de como está a avaliação do aluno na Escola, os professores a utilizam, como sistema de controle da disciplina, das tarefas e de tudo o que acontece. Isso surge nas falas do cotidiano da Escola.
No entanto, a avaliação pode ser uma porta aberta, através da qual podemos entrar e alterar o nosso fazer pedagógico, tornando-se um instrumento significativo se conduzida de forma técnica e científica em prol do desenvolvimento do educando.
Referências Bibliográficas
ARROYO, Miguel G. Fracasso e sucesso: o peso da cultura escolar e do ordenamento da educação básica. In: Em aberto, Brasília, n. 53, 1992.
ENGUITA, Mariano Fernández. A face oculta da escola. Porto Alegre, Artes Médicas,
1989.
GIMENO, José S. El curriculum evaluado. In:. EI curriculum una reflexión sobre la practica. Madrid, Ediciones Morata, 1988.
HADJI, Charles. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed.2001.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação.2001.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo:Cortez, 2002.
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[1] Usado por uma questão de estilo. Refere-se ao professor e à professora.
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[*] Judite Filgueiras Rodrigues – Coordenadora Pedagógica do Instituto Estadual Rui Barbosa de São Luiz Gonzaga-RS é licenciada em Ciências Físicas e Biológicas e em Educação Física, Psicopedagoga, Mestre em Educação e Doutoranda em Ciências do Movimento Humano pela MASTER/UTIC-Universidade Tecnológica Inetrcontinental.
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